quinta-feira, 10 de maio de 2012

ALEIJADINHO


          Escultor, entalhador e arquiteto mineiro da arte barroca, considerado o maior escultor do período barroco e representante das artes plásticas brasileira.
          Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila Rica 1730. Filho de uma escrava com um  mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.
          Aos 40 anos de idade, começou a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Atualmente ainda não se sabe sobre sua doença, mas há suspeitas de hanseníase ou alguma doença reumática, aos poucos foi perdendo os movimentos dos pés e das mãos, sempre pedia a um ajudante para amarrar suas ferramentas em seus punhos para poder esculpir e fazer seus trabalhos. Demonstrava uma grande dedicação e esforço para realizar suas artes, mesmo com suas limitações, continuava trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.
           Antes da sua doença, suas obras foram marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade, desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).
          Já doente, Aleijadinho começou a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. Neste período se destacou o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo, o trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas em pedra-sabão, considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.
         Suas obras misturavam diversos estilos do barroco.Em suas esculturas estavam presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico.Utilizava como material de suas obras de arte, principalmente pedra-sabão e madeira.
         Veio a falecer em 1814 (não há confirmações sobre esta data) como uma pessoa muito humilde e sozinha na cidade de Ouro Preto. Suas obras foram reconhecidas depois de sua morte, hoje é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro. 
      Algumas de suas obras que se destacaram:

Igreja de São José em Ouro Preto - risco da capela-mor, da torre e do retábulo
       A traça do altar é sumamente elegante, corresponde ao mesmo ano em que o mestre começa a trabalhar na grande obra de São Francisco de Assis. Altar e retábulos são obras de boa talha, com colunas lisas caneladas retas na parte superior e caneluras sinuosas no terço inferior, sobre as quais nascem o entablamento principal e o grande arco externo; suspenso a este há um panejamento em talha, pendente também da sanefa central; o arco interno, entalhado, finalmente repousa sobre o entablamento, que por sua vez apóia-se em pilastras formadas por volutas sucessivas ornamentadas. O sacrário é igualmente esculpido e, por trás dele, os degraus do trono , dentro do camarim. A capela possui alguma imaginária de boa qualidade. 

                       Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto - Talha e Arquitetura       
             A parte central da fachada tem uma suave ondulação côncavo-convexa, com a convexidade no portal. As torres de leve curvatura, são retraídas do corpo do plano central da fachada. Este é enquadrado pelas belas e robustas pilastras de cantaria que sobem até a arquitrave do entablamento que ocorre toda a volta do corpo da igreja e é encurvada no centro da fachada, para conter o grande óculo de contorno movimentado. A esplêndida portada em pedra-sabão espraia-se em recortes simétricos como a experiência que os meninos fazem, de mancha de tinta no papel dobrado.  O desenho é livre e caprichoso, mas de uma perfeita imbricação e solidariedade dos elementos, até a cartela da Ordem do Carmo, os dois anjos alados sustentantes a coroa. A cima da arquitrave, o friso é branco, o que alivia visualmente o peso do entablamento. A cornija é alta e robusta, que acompanha, concentricamente, a curvatura a cima do óculo.


         
                                    
      Conjunto de esculturas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos - Os Doze Profetas
         As atitudes e os gestos individuais de cada uma das estátuas, são simetricamente ordenados, com relação ao eixo da composição. As correspondências não se fazem de forma geométrica, mas por oposições e compensações de acordo com as leis rítmicas do barroco. Um gesto de aparência aleatória, quando visto isoladamente como a ampla flexão do braço direito do profeta Ezequiel, adquire extraordinária força expressiva quando relacionado com seu prolongamento natural, constituído pelo braço esquerdo de Habacuc.
Aleijadinho não apenas respeitou a ordenação do Cânon bíblico para a escolha dos profetas de Congonhas, como ainda situou-os no adro em posição que seguem de perto a referida ordenação. Isaías e Jeremias ocupam os primeiros postos à entrada. No terraço intermediário, encontra-se Baruc à esquerda, e Ezequiel à direita. Finalmente, alcançando o nível superior, temos nas posições de honra, Daniel e Oséias seguido imediatamente por Joel. ocupando os ângulos laterais da esquerda, estão Amós, Abdias e Jonas, sendo que Naum e Habacuc ocupam posições correspondentes à direita. A trajetória de uma seta numa linha contínua sobre a planta da adro, seguindo a ordem descrita, revelaria um desenho em ziguezague, para a parte central das escadarias, com alternância de setas para à direita e oblíquas para a esquerda. Duas grandes diagonais se cruzam ao centro do último patamar, unem Joel a Amós e Jonas e Naum. O término da trajetória é assinalado, de ambos os lados, pelas oblíquas que unem Amós e Abdias e Naum a Habacuc. 


                                       
                                
                                       Passo da subida ao calvário ou cruz-às-costas                                                  
                                             Capelas dos Passos da Paixão  
    OS PASSOS DA PAIXÃO: As seis capelas dos Passos da Paixão - Ceia, Horto, Prisão, Flagelação e coroação de espinhos, Calvário ou cruz-às-costas e crucificação -  se localizam a baixo da Igreja Basílica, foram construídas para abrigar as 66 imagens esculpidas em cedro rosa por Aleijadinho e pintadas por Manuel da Costa Ataíde, esculturas estas, que relatam a Via Sacra de Jesus Cristo.
                                                              
                           Fachada da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto - MG
Nossa Senhora cercada de anjos músicos, de Mestre Ataíde, no teto da igreja

  O conjunto da Igreja de São Francisco de Assis, com suas proporções reduzidas, arquitetura e decoração, constitui um exemplo bem acabado dos contornos que o rococó europeu adquire entre nós, podendo ser descrito como uma sequência integrada de três volumes - nave, capela-mor e sacristia - de proporções harmônicas e ornamentação sóbria. A decoração, com anjos, elementos vegetais, fitas, guirlandas e entrelaçados em madeira e pedra-sabão, confere movimento e dinamismo à obra. A planta da Igreja mostra um espaço modelado por superfícies convexas, em que as torres cilíndricas, recuadas, conectam de forma sutil o frontispício e o corpo da igreja. A elevação principal é outro elemento a dotar de leveza o conjunto, que parece menor do que efetivamente é. A solução de recuar as torres - que são deslocadas do plano da fachada a partir de uma espécie de movimento em rotação - dá destaque ao frontispício. Na composição deste, a portada ocupa lugar central, dominando a superfície entre as duas janelas do coro. O medalhão, no alto, permite aferir a mão precisa do entalhador.
No interior da Igreja, a luz difusa é filtrada pelas janelas laterais, as quatro janelas do coro, por sua vez jogam a luz em direção ao teto da nave central, pintado por Ataíde. Os púlpitos são instalados no arco-cruzeiro, na passagem da nave para a capela, o que promove uma perfeita articulação dos espaços. Em pedra-sabão, os púlpitos dialogam com as talhas. A talha do retábulo, por exemplo, se articula às existentes nos quatro cantos do forro, com medalhões ao centro, em que figuram os santos da ordem em semi-relevo. No retábulo e em suas duas colunas laterais, o ouro sobre fundo palha ameniza os contrastes. A Santíssima Trindade do retábulo, com a virgem ao centro,  mostra-se uma grande peça de valor escultórico. Nela destacam-se a ênfase nas expressões faciais das figuras, e os efeitos dos olhos, característicos das esculturas do Aleijadinho. O motivo da lua crescente com as pontas voltadas para baixo, que arremeta a peça, repete-se no forro de Ataíde,  acentuando o diálogo entre escultura e pintura.