segunda-feira, 11 de junho de 2012

VIDA E OBRA DE ALGUNS ARTISTAS BRASILEIROS

AMILCAR DE CASTRO
                    Escultor, desenhista e diagramador mineiro.Famoso por suas esculturas neoconcretas, feitas com chapas de aço e ferro recortadas em formato geométrico.
                    Nasceu em Paraisópolis estudou desenho e pintura no decorrer de oito anos, de 1942 a 1950, em Belo Horizonte.
                    Começa a expor seus trabalhos em 1959, primeiro no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, em seguida, no Belvedere da Sé, em Salvador. Em 1960, ganha o primeiro prêmio na categoria escultura do 15º Salão do Museu de Belas-Artes de Belo Horizonte.Participa no mesmo ano da Exposição Internacional de Arte Concreta, em Zurique, na Suíça. Adota o neoconcretismo, a partir de então, em suas esculturas de ferro e aço recortados. Participa com várias delas da mostra Artistas Brasileiros Contemporâneos, no Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, em 1967.
                      Trabalha também como diagramador de jornais, sendo responsável pela reforma gráfica do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, e de muitos outros de Belo horizonte. Em 1967 muda-se para Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde vive hoje.

                                                 Escultura no jardim do MAC - USP
                                                                  
                                                    
                                                   
                                                               ANITA MALFATTI
        Pintora paulista. Uma das grandes inspiradoras do movimento modernista, pioneira na renovação das artes plásticas no Brasil. Nasce em São Paulo e estuda na Alemanha e nos Estados Unidos, onde recebe influência do Expressionismo.
         De volta ao Brasil, realiza uma polêmica exposição individual em 1917, com quadros com O Homem Amarelo, O Japonês e A Mulher de Cabelos Verdes. A mostra provoca violenta reação de críticos conservadores, e Anita Malfatti é atacada pelo escritor Monteiro Lobato, que escreve o artigo Paranoia ou mistificação?, publicado no Jornal O Estado de S.Paulo.
          A favor da artista reúnem-se Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Di Cavalcanti, Guilherme de Almeida e outros. O grupo organiza a Semana de Arte Moderna de 1922. A artista realiza mostras individuais em Berlim, Nova York e Paris.
          Participa da 1ª Bienal de Artes de São Paulo, em 1951, como artista convidada. A 7ª Bienal (1963) apresenta 45 trabalhos seus em sala especial. Morre no ano seguinte, em São Paulo. Entre suas principais obras estão Tropical (1916), A Estudante ( 1917), A Boba e Retrato de Mário de Andrade (1922).

                                                                 O Homem Amarelo
                                                           
                                                          


                                                       
                                                              CÂNDIDO PORTINARI
     Um dos principais pintores brasileiros, internacionalmente reconhecido por vários prêmios. Cândido Torquato Portinari nasce em Brodowski, no estado de São Paulo, mas muda-se para o Rio de Janeiro, na juventude, para frequentar a Escola Nacional de Belas-Artes.
     De volta ao Brasil, dois anos depois, abandona a linha clássica e deforma as figuras humanas em suas obras. Para expressar o sofrimento dos personagens do mundo rural que retrata em seus quadros, passa a pintá-los com mãos ossudas e os pés abrutalha-dos, numa alusão ao contato que eles têm com a terra.

Café - pintura com a qual Portinari recebe a menção honrosa do Prêmio Carnegie, no salão de exposições de Pittsburg (EUA), em 1935. Produz em seguida, a série de pinturas Os Retirantes, um de seus principais trabalhos.
                                                                
   


CILDO MEIRELES 
     Pintor, desenhista e escultor fluminense. Um dos mais conceituados nomes da arte contemporânea brasileira no exterior. Cildo Campos Meireles, nasce no Rio de Janeiro. Passa a infância em Goiânia, Belém e Brasília, onde, aos 15 anos, começa a desenhar. De volta ao Rio de Janeiro, em 1967, entra para a Escola de Belas-Artes. Aos poucos, seu trabalho se distancia do expressionismo inicial e adere ao construtivismo. Torna-se professor e diretor da unidade experimental do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio em 1969. Seu trabalho tem forte caráter social e contestador. Ativista de movimentos contra a ditadura, tem obras vetadas pelo governo militar. Em 1970, aos 22 anos,faz sua estréia internacional, com Inserções no Circuito Ideológico, apresentada no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova York, numa exposição histórica que lança a chamada arte conceitual. Em Inserções, grava opiniões em garrafas de Coca-Cola e devolve-as à circulação para que outras pessoas façam o mesmo. Na polêmica performance Tiradentes: Totem-monumento ao Preso Político, também em 1970, realiza um ritual em que queima dez galinhas vivas em Belo Horizonte. "Todos os trabalhos que fiz, foram uma maneira de me expressar políticamente", declara. Vive em Nova York entre 1971 e 1973. É homenageado nos mais importantes eventos e centros de arte do exterior, como a Bienal de Veneza (1976), a Documentada de Kassel (Alemanha,1992), o Museu Georges Pompidou(Paris, 1989) e o MOMA (1990 e 1993). Ao final de 1999, é o primeiro artista a realizar uma mostra individual do New Museum of Contemporany Art de Nova York. Em 2002, marca presença na Documenta de Kassel com uma instalação de carrinhos de sorvete - o objetivo é chamar a atenção para a escassez de água no planeta. Em 2003, Meireles é um destaque na Bienal de Veneza. 
 
                                        PROJETO "COCA-COLA" (1970)                                                          

Gravas nas garrafas de refrigerante (embalagens de retorno) informações e opiniões críticas, e devolvê-las à circulação. Utiliza-se o processo de decalque (Silk-screen) com tinta branca vitrificada, que não aparece quando a garrafa está fazia, e sim quando cheia pois então fica visível a inscrição contra o fundo escuro do líquido Coca-Cola.





ELISEU VISCONTI

     Pintor brasileiro de origem italiana  (1866-1944). Responsável por introduzir o impressionismo europeu na arte brasileira. Nasce em Giffoni Valle Piana, na Itália. Um ano depois se muda com a família para o Rio de Janeiro. A partir de 1884 estuda no Liceu Imperial de Artes e Ofícios, no qual é aluno de Henrique Bernardelli.             
Mostra o resultado de seu trabalho no Salão de Belas-Artes de 1892 e ganha como prêmio uma viagem ao exterior. Vai para Paris, onde frequenta a École des Arts Décoratifis e expõe a tela Gioventú, em 1900, ano de sua volta ao Brasil. De 1906 a 1913 leciona na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio.
Também participa da decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, inalgurado em 1909, pinta uma tela de 12 metros por 16 metros, para o pano de boca do teatro, em que retrata 200 figuras da literatura e das artes dramáticas, entre elas Verdi, Wagner, Camões, Carlos Gomes e Castro Alves.
Algumas de suas pinturas enfeitam ainda hoje a sala de espetáculos e o foyer do Municipal. Marca a pintura Nacional do século XIX como um dos primeiros paisagistas brasileiros. Em sua obra, incorpora a técnica européia às características do país, moldando um Impressionismo à brasileira.    


             GIOVENTÙ (1898)                           


HELIO OITICICA
Pintor, escultor e artista multimídia fluminense, nascido no Rio de Janeiro, na juventude é discípulo do artista plástico Ivan Serpa. Juntamente com o mestre, Lygia Clark e Franz Weissmann funda o grupo Frente, movimento que atua de 1954 a 1956.
.Mais tarde se liga ao neoconcretismo, participando de exposições em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador. Espírito de vanguarda, no final da década de 50 abandona a superfície plana do quadro. Em 1963 cria os bólides, caixas-construções feitas de diversos materiais.
 Dois anos depois lança os chamados parangolés: capas, tendas e estantes que ganham sentido artístico quando vestidos. É o responsável pelo termo tropicália, adotado como nome pelo movimento que, no final da década de 60, teve grande influência nas artes brasileiras, principalmente na música popular.
 Vive em Nova York a partir de 1970. Retorna ao Brasil em 1978, morre no Rio de Janeiro dois anos depois. Em 1992, a retrospectiva de sua carreira faz sucesso nos EUA e na

Europa. É homenageado durante a 22ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo, em 1994.


                                                                                          Metaesquemas




                                                      IBERÊ CAMARGO
Pintor, gravador e desenhista gaúcho (1914-9/8/1994). Nasce em Restinga Seca e muda-se em 1943 para o Rio de Janeiro, onde inicia os estudos artísticos e participa de exposições. Em 1947 ganha uma viagem ao exterior como prêmio do Salão Nacional de Arte Moderna.
Vai para a Europa e estuda com os pintores André Lhote e De Chirico, em Paris, e com Alberto Petrucci, em Roma. Instala-se no Rio de Janeiro e desenvolve uma pintura com características do expressionismo abstrato. Organiza os salões Preto-e-Branco (1954) e Miniatura (1955), em protesto contra as condições de trabalho dos artistas.
Em 1961 é escolhido o melhor pintor nacional na 6ª Bienal de São Paulo. Ensina artes plásticas no Instituto de Belas-Artes do Rio de Janeiro e dá cursos em Porto Alegre (RS) e Montevidéu, no Uruguai. Nos anos 70 redescobre as figuras com a série de gravuras e telasCarretéis.
Em 1980, numa briga de rua, mata um homem com um tiro. É absolvido em janeiro de 1981 e, no ano seguinte, volta ao Rio Grande do Sul, onde recupera a figura humana na série Fantasmagoria. Nos anos 90 pinta Idiota. Sua última obra antes de morrer, em Porto Alegre, é Solidão.



As idiotas (1991)






PEDRO AMERICO
Pintor e desenhista paraibano (1843-1905). É considerado um dos principais nomes da pintura histórica brasileira. Pedro Américo de Figueiredo e Melo nasce na cidade de Areias. Aos 10 anos, participa, como desenhista, da expedição do naturalista francês L.J. Brunet que percorre o Nordeste do país.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1854 e, no ano seguinte, ingressa na Academia Imperial de Belas-Artes. Patrocinado por dom Pedro II, em 1859 viaja à França, onde aperfeiçoa seu estilo com pintores como Ingres, Cogniat e Vernet.
Paralelamente, estuda física, filosofia e literatura e escreve ensaios. Retorna ao Brasil e é nomeado professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Pinta as cenas históricas de suas obras mais conhecidas, A Batalha do Avaí e Grito do Ipiranga, a pedido do imperador.
As duas telas são apresentadas ao público no Salão de Belas-Artes de 1879. O quadro sobre a Batalha do Avaí, ocorrida durante a Guerra do Paraguai, tem 48 metros quadrados e mostra em ação os personagens de maior importância no conflito, como o duque de Caxias e o general Osório - este último levando um tiro na boca.
Entre 1873 e 1885, o pintor vive na Europa e faz várias exposições. De volta ao país, é eleito deputado constituinte em 1890. Morre em Florença, na Itália.

                                                                O GRITO DO IPIRANGA





TARSILA DO AMARAL
Artista plástica paulista (1890-17/1/1973). Seu quadro Abaporu (1928) inaugura o movimento antropofágico nas artes plásticas. Nasce em Capivari e começa a estudar pintura em 1917, com Pedro Alexandrino. Na França, para onde viaja em 1920, frequenta a Académie Julien e participa do Salão Oficial dos Artistas Franceses de 1922, criando técnicas influenciadas pelo cubismo.
De volta ao Brasil, une-se a Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, formando o chamado Grupo dos Cinco, que defende as ideias da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1926 casa-se com Oswald de Andrade e realiza a primeira exposição individual, na Galeria Percier, em Paris. Suas obras ganham fortes características primitivistas e nativistas e passam a ser associadas aos movimentos pau-brasil e antropofágico, idealizados pelo marido.
A partir de 1933 desenvolve uma pintura mais ligada a temas sociais, da qual são exemplos as telas Os Operários e Segunda Classe. Expõe na 1ª e na 2ª Bienal de São Paulo e tem uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna (MAM) paulista em 1960. É tema de sala especial na Bienal de São Paulo de 1963 e, no ano seguinte, apresenta-se na 32ª Bienal de Veneza. Morre em São Paulo.

ABAPORU





VICTOR MEIRELES
Pintor e desenhista brasileiro, Vítor Meirelles nasceu em 1º de agosto de 1832, na cidade de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, capital de Santa Catarina. Aos 15 anos, viajou ao Rio de Janeiro para estudar na Academia Imperial de Belas Artes, onde cursou pintura histórica. Recebeu uma bolsa para cursar faculdade de pintura na Itália e na França, em 1853. Em 1857, após receber o prêmio Especial de Viagem à Europa, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Paris, onde estudou com o mestre Leon Cogniet e Andrea Gestaldi. Um dos seus quadros mais lembrados na história da pintura brasileira é “A Primeira Missa no Brasil”, feito na França e exposto no Salão de Paris em 1861. Quando retornou ao Brasil, foi nomeado professor de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes,lecionando até 1890. Na sua trajetória artística ganharam destaque, também, as telas “Combate Naval de Riachuelo”, obra conhecida como “Batalha de Riachuelo” e “Passagem do Humaitá”. Ele faleceu em 22 de fevereiro de 1903, na cidade do Rio de Janeiro.
                  COMBATE NAVAL DO RIACHUELO






                                                                      REGINA SILVEIRA
                                                                                  
                  Aos 9 anos de idade, já dava pistas da carreira que seguiria, desenhando retratos que logo eram emoldurados e pendurados na parede pela mãe admiradora. Na adolescência, teve aulas particulares de desenho e pintura e, em 1959, aos 20 anos, conclui o bacharelado em pintura no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre 1960 e 1966, fez ilustrações para o jornal Correio do Povo, aonde ia semanalmente e onde se sentava para conversar com o poeta Mario Quintana, cujo trabalho admirava. Além disso, ilustrou o primeiro livro de Moacyr Scliar, Histórias de Médico em Formação (1962, Editora Difusão de Cultura).Após se formar, Regina continuou a frequentar a UFRGS, cursando uma disciplina de aperfeiçoamento e ocupando o cargo de colaboradora de ensino 
em algumas aulas. Na mesma época, ingressou em um labirinto oposto ao do ensino formal
 com que estava acostumada: o Ateliê Livre. Fundado em 1961, o espaço tinha como intuito, como dizia na época seu fundador, o pintor Iberê Camargo, espantar o marasmo cultural do Rio Grande do Sul. Circulando pelos dois espaços simultaneamente, Regina nunca participou do confronto: “Eram matizes profissionais que nem eram da minha geração. O conflito era mais na mídia do que na realidade. Estava interessada mesmo era na linguagem, em aprender”, diz. E, ao lembrar do “mestre” Iberê, um sorriso natural e sincero vem ao rosto.
Ao entrar em contato com a arte contemporânea experimental numa época em que a contracultura estava no auge, Regina decidiu que iria fazer parte daquele movimento. Visitando exposições pela Europa, deparou com obras que iam desde a arte concreta até a arte digital, que, segundo ela, não tinha a mais vaga ideia de como eram produzidas. Assim, com o estímulo de experimentar linguagens novas, o divórcio com a pintura concretizou-se por meio de uma série de colagens geométricas, com recortes de papéis coloridos, que apresentou na Galeria Seiquer, em Madri, em 1967.
No ano seguinte, voltou ao Brasil com a intenção de se fixar em Porto Alegre, mas logo recebeu uma proposta para lecionar na Universidade de Porto Rico, onde ficou por quatro anos. Lá, iniciou uma produção voltada à manipulação da imagem, como na série Laberintos (1971), com imagens amparadas na técnica da perspectiva. Quando voltou ao Brasil novamente, seu trabalho estava irreconhecível. “Recebi recentemente um e-mail de um brasileiro que comprou em Nova York um trabalho meu de 1966, dizendo que não conseguia relacionar aquilo comigo, com o trabalho que faço hoje. Pensei: agora vou ter de explicar para ele, vai dar uma trabalheira!”, brinca.
De volta ao Brasil em 1973, Regina foi dar aulas em São Paulo, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Foi na academia que encontrou o apoio – moral e financeiro, por meio do suporte de agências de pesquisa – para desenvolver seus trabalhos livremente.






MESTRE ATAIDE
Manoel da Costa Athaide (Mariana MG 1762 - idem 1830). Pintor, dourador, encanador, entalhador. É considerado importante artista do barroco mineiro. Em sua obra observam-se referências aos modelos das bíblias e catecismos europeus, como as gravuras de Jean-Louis Demarne (ca.1752 - 1829) e Francesco Bartolozzi (1727 - 1815). Forma com os pintores Bernardo Pires da Silva (17-- - 17--), Antônio Martins da Silveira (17-- - 17--), João Batista de Figueiredo (17-- - 17--), entre outros, a chamada Escola de Mariana. Suas obras mais destacadas são as pinturas na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Ouro Preto, realizadas entre 1801 e 1812; e as do forro da capela-mor da Igreja Matriz de Santo Antônio na cidade de Santa Bárbara, de 1806; o painel A Última Ceia, no Colégio do Caraça, executado em 1828; a pintura do forro da capela-mor da Igreja Matriz de Santo Antônio, na cidade de Itaverava, de 1811, e a do forro da capela-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Mariana, de 1823. No período de 1781 a 1818, encarna e doura as imagens de Aleijadinho (1730 - 1814) para o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo. Segundo a crítica Lélia Coelho Frota, o artista teria utilizado seus quatro filhos como modelos para a confecção dos anjos que adornam os diversos forros e painéis por ele executados e sua esposa para a execução da madona mulata, retratada no forro da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Ouro Preto.
                      Pintura de Mestre Ataide no teto da igreja de São Francisco de Assis       











quinta-feira, 10 de maio de 2012

ALEIJADINHO


          Escultor, entalhador e arquiteto mineiro da arte barroca, considerado o maior escultor do período barroco e representante das artes plásticas brasileira.
          Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila Rica 1730. Filho de uma escrava com um  mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.
          Aos 40 anos de idade, começou a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Atualmente ainda não se sabe sobre sua doença, mas há suspeitas de hanseníase ou alguma doença reumática, aos poucos foi perdendo os movimentos dos pés e das mãos, sempre pedia a um ajudante para amarrar suas ferramentas em seus punhos para poder esculpir e fazer seus trabalhos. Demonstrava uma grande dedicação e esforço para realizar suas artes, mesmo com suas limitações, continuava trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.
           Antes da sua doença, suas obras foram marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade, desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).
          Já doente, Aleijadinho começou a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. Neste período se destacou o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo, o trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas em pedra-sabão, considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.
         Suas obras misturavam diversos estilos do barroco.Em suas esculturas estavam presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico.Utilizava como material de suas obras de arte, principalmente pedra-sabão e madeira.
         Veio a falecer em 1814 (não há confirmações sobre esta data) como uma pessoa muito humilde e sozinha na cidade de Ouro Preto. Suas obras foram reconhecidas depois de sua morte, hoje é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro. 
      Algumas de suas obras que se destacaram:

Igreja de São José em Ouro Preto - risco da capela-mor, da torre e do retábulo
       A traça do altar é sumamente elegante, corresponde ao mesmo ano em que o mestre começa a trabalhar na grande obra de São Francisco de Assis. Altar e retábulos são obras de boa talha, com colunas lisas caneladas retas na parte superior e caneluras sinuosas no terço inferior, sobre as quais nascem o entablamento principal e o grande arco externo; suspenso a este há um panejamento em talha, pendente também da sanefa central; o arco interno, entalhado, finalmente repousa sobre o entablamento, que por sua vez apóia-se em pilastras formadas por volutas sucessivas ornamentadas. O sacrário é igualmente esculpido e, por trás dele, os degraus do trono , dentro do camarim. A capela possui alguma imaginária de boa qualidade. 

                       Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto - Talha e Arquitetura       
             A parte central da fachada tem uma suave ondulação côncavo-convexa, com a convexidade no portal. As torres de leve curvatura, são retraídas do corpo do plano central da fachada. Este é enquadrado pelas belas e robustas pilastras de cantaria que sobem até a arquitrave do entablamento que ocorre toda a volta do corpo da igreja e é encurvada no centro da fachada, para conter o grande óculo de contorno movimentado. A esplêndida portada em pedra-sabão espraia-se em recortes simétricos como a experiência que os meninos fazem, de mancha de tinta no papel dobrado.  O desenho é livre e caprichoso, mas de uma perfeita imbricação e solidariedade dos elementos, até a cartela da Ordem do Carmo, os dois anjos alados sustentantes a coroa. A cima da arquitrave, o friso é branco, o que alivia visualmente o peso do entablamento. A cornija é alta e robusta, que acompanha, concentricamente, a curvatura a cima do óculo.


         
                                    
      Conjunto de esculturas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos - Os Doze Profetas
         As atitudes e os gestos individuais de cada uma das estátuas, são simetricamente ordenados, com relação ao eixo da composição. As correspondências não se fazem de forma geométrica, mas por oposições e compensações de acordo com as leis rítmicas do barroco. Um gesto de aparência aleatória, quando visto isoladamente como a ampla flexão do braço direito do profeta Ezequiel, adquire extraordinária força expressiva quando relacionado com seu prolongamento natural, constituído pelo braço esquerdo de Habacuc.
Aleijadinho não apenas respeitou a ordenação do Cânon bíblico para a escolha dos profetas de Congonhas, como ainda situou-os no adro em posição que seguem de perto a referida ordenação. Isaías e Jeremias ocupam os primeiros postos à entrada. No terraço intermediário, encontra-se Baruc à esquerda, e Ezequiel à direita. Finalmente, alcançando o nível superior, temos nas posições de honra, Daniel e Oséias seguido imediatamente por Joel. ocupando os ângulos laterais da esquerda, estão Amós, Abdias e Jonas, sendo que Naum e Habacuc ocupam posições correspondentes à direita. A trajetória de uma seta numa linha contínua sobre a planta da adro, seguindo a ordem descrita, revelaria um desenho em ziguezague, para a parte central das escadarias, com alternância de setas para à direita e oblíquas para a esquerda. Duas grandes diagonais se cruzam ao centro do último patamar, unem Joel a Amós e Jonas e Naum. O término da trajetória é assinalado, de ambos os lados, pelas oblíquas que unem Amós e Abdias e Naum a Habacuc. 


                                       
                                
                                       Passo da subida ao calvário ou cruz-às-costas                                                  
                                             Capelas dos Passos da Paixão  
    OS PASSOS DA PAIXÃO: As seis capelas dos Passos da Paixão - Ceia, Horto, Prisão, Flagelação e coroação de espinhos, Calvário ou cruz-às-costas e crucificação -  se localizam a baixo da Igreja Basílica, foram construídas para abrigar as 66 imagens esculpidas em cedro rosa por Aleijadinho e pintadas por Manuel da Costa Ataíde, esculturas estas, que relatam a Via Sacra de Jesus Cristo.
                                                              
                           Fachada da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto - MG
Nossa Senhora cercada de anjos músicos, de Mestre Ataíde, no teto da igreja

  O conjunto da Igreja de São Francisco de Assis, com suas proporções reduzidas, arquitetura e decoração, constitui um exemplo bem acabado dos contornos que o rococó europeu adquire entre nós, podendo ser descrito como uma sequência integrada de três volumes - nave, capela-mor e sacristia - de proporções harmônicas e ornamentação sóbria. A decoração, com anjos, elementos vegetais, fitas, guirlandas e entrelaçados em madeira e pedra-sabão, confere movimento e dinamismo à obra. A planta da Igreja mostra um espaço modelado por superfícies convexas, em que as torres cilíndricas, recuadas, conectam de forma sutil o frontispício e o corpo da igreja. A elevação principal é outro elemento a dotar de leveza o conjunto, que parece menor do que efetivamente é. A solução de recuar as torres - que são deslocadas do plano da fachada a partir de uma espécie de movimento em rotação - dá destaque ao frontispício. Na composição deste, a portada ocupa lugar central, dominando a superfície entre as duas janelas do coro. O medalhão, no alto, permite aferir a mão precisa do entalhador.
No interior da Igreja, a luz difusa é filtrada pelas janelas laterais, as quatro janelas do coro, por sua vez jogam a luz em direção ao teto da nave central, pintado por Ataíde. Os púlpitos são instalados no arco-cruzeiro, na passagem da nave para a capela, o que promove uma perfeita articulação dos espaços. Em pedra-sabão, os púlpitos dialogam com as talhas. A talha do retábulo, por exemplo, se articula às existentes nos quatro cantos do forro, com medalhões ao centro, em que figuram os santos da ordem em semi-relevo. No retábulo e em suas duas colunas laterais, o ouro sobre fundo palha ameniza os contrastes. A Santíssima Trindade do retábulo, com a virgem ao centro,  mostra-se uma grande peça de valor escultórico. Nela destacam-se a ênfase nas expressões faciais das figuras, e os efeitos dos olhos, característicos das esculturas do Aleijadinho. O motivo da lua crescente com as pontas voltadas para baixo, que arremeta a peça, repete-se no forro de Ataíde,  acentuando o diálogo entre escultura e pintura.